Ter, 20 de fevereiro de 2018, 14:19

Cientistas do HU participam de pesquisa que comprova que microcefalia por Zika tem fator genético
Descoberta explica porque nem todas as grávidas expostas ao vírus têm bebês com a doença

O vírus Zika pode causar um dano significativo ao cérebro do feto, de acordo com estudos dirigidos por investigadores de faculdades de medicina de todo o mundo. Diante da necessidade de responder a mais perguntas sobre microcefalia em mães infectadas, o gerente de Ensino e Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), Roque Pacheco, e a pediatra do HU-UFS, Ana Jovina Bispo, unidos a diversos pesquisadores do Brasil, fizeram uma descoberta sem precedentes: a maneira como o vírus causa a microcefalia no feto depende de fatores genéticos.

A pesquisa, liderada pela Universidade de São Paulo (USP), examinou 91 bebês de vários estados brasileiros, incluindo nove pares de gêmeos que foram essenciais para a descoberta. Dentre os gêmeos, dois pares – um deles é acompanhado pelo HU-UFS – eram meninas monozigóticas (gêmeas idênticas) e os demais, dizigóticos (gêmeos diferentes). “Sem os gêmeos, não podemos ver a forma como a síndrome congênita se apresenta diante de alguma determinação genética”, destaca Ana Jovina. Os pesquisadores notaram que todas as gêmeas idênticas tinham microcefalia; no caso dos gêmeos diferentes, por sua vez, apenas um par era concordante para a doença. Assim, reforçou-se a hipótese de que um componente genético aumenta o risco de desenvolver a síndrome.

Na conclusão da pesquisa, os cientistas conseguiram relacionar mais de 63 genes com expressões distintas em alguns bebês, gerando uma pré-disposição genética no feto que é posteriormente exposto ao vírus Zika. “Agora que sabemos que algums fetos têm um risco maior de adquirir a microcefalia se forem expostos ao vírus durante a gestação, podemos pensar em políticas públicas para grupos distintos, o que será muito útil no caso de decidir quem tem prioridade para tomar, por exemplo, uma futura vacina”, explica Roque Pacheco.

Publicação

O artigo científico resultante da pesquisa foi publicado no início deste mês de fevereiro no periódico Nature Communications, um dos mais prestigiosos do mundo. Para ler a publicação (em inglês), clique aqui.

Unidade de Comunicação Social do HU


Atualizado em: Ter, 20 de fevereiro de 2018, 14:48
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